terça-feira, 16 de agosto de 2022

As mazelas do falso progresso

Ambientalista e ator de teatro, Paulo Henrique de Oliveira constata a persistência das mazelas do falso progresso

Ativista relata o reencontro com velhos amigos depois de mais de 30 anos de militância anti-petróleo

Apresentação: Coletivo Cariacica Underground, Cariacica/ES

Concepção artística dadaísta criada por Paulo Henrique,
especialmente para esta publicação


NEM UM POÇO A MAIS!
not one more well!
nie nog een put nie!
ikke en brønn til! nicht mehr gut!
ليس جيدا lays jayidan!
ούτε ένα πηγάδι ακόμα!
oúte éna pigádi akóma! 
没有一个更好 
Méiyǒu yīgè gèng hǎo! 
ni uno mas bien! 
ne unu pli boné! 
pas un bien de plus! 
не один колодец ne odin kolodets!

Uma alegria acompanhada de tristeza
Texto de Paulo Henrique de Oliveira (Linguiça)

Quando o chamado da resistência ANTI-PETROLEIRAS estrugiu, a nossa felicidade e satisfação era vista à distância. Isso aconteceu no VII Seminário Nacional da Campanha “NEM UM POÇO A MAIS”, realizado de 4 a 7 de agosto de 2022, na cidade de Piúma, no litoral do Espírito Santo. Estar nesse seminário foi amplificar a continuidade da nossa constante luta contra o corte da navalha capitalista.

Na cidade de Piúma, nos deparamos com as mais novas denúncias de violações ao meio ambiente e vida humana, “a grande obra”, uma pintura de óleo sobre sangue, com violações cometidas pela cadeia do petróleo e seus tentáculos portuários onde o arco-íris nunca mais há de brilhar.

Mais uma vez não queremos assistir à morte desfilando com seu carro desgovernado com um louco e sanguinário gritando “morte, destruição, caos, fim”, essa tragédia deixa dores profundas onde sonda nenhuma será capaz de alcançar! Nós que estamos aqui lendo esse texto, escapamos por pouco desta roleta da morte, mas ainda somos alvos fáceis e frágeis diante das geringonças do petróleo, lideradas pelas multinacionais e pelos políticos sanguinários e sádicos que se embriagam do petróleo para impor dor, sequelas e morte aos povos tradicionais que sobrevivem do meio ambiente e são, em sua essência, guardiões do ecossistema.

Na campanha “NEM UM POÇO A MAIS”, tivemos o privilégio de rever seres humanos incríveis, gente de luta, pessoas que há décadas vivenciam de perto, todo santo dia, a morte e a destruição de seus lugares pela indústria petrolífera, mas essas pessoas continuam firmes na luta, combatendo os capitães do mato contemporâneos, mesmo com tantas adversidades e perda de companheiros(as) por conta dos cifrões $$ e da barbárie.

Mas seguimos mulheres negras, indígenas e ribeirinhas, camponesas, pescadoras, gente das periferias que se recusam a participar das engrenagens da morte e da destruição onde as guerras são sempre UM POÇO A MAIS.

Na luta contra as geringonças tecnológicas do petróleo, seguiremos vivos e ativos nos seminários, nos encontros, nas frentes de batalha, cantando, dançando, encantando, gritando, ensinando, aprendendo, chorando e sorrindo, e festejando, buscando forças no íntimo do nosso sagrado para que continue dando força, paz e sabedoria para enfrentar e combater as injustiças e crimes das indústrias poluidoras que se multiplicam com os algozes do petróleo.

O sentimento é de agradecimento em estar nesse VII Seminário e fazer parte dessa importante luta por um mundo livre de petróleo, mas cheio de energia positiva como a energia empenhada na construção da campanha “NEM UM POÇO A MAIS”, para que as próximas gerações possam conhecer animais terrestres e peixes não só em zoológicos ou aquários e tanques de tilápias engordadas por fertilizantes.

+Em memória do meu camarada Seu Curumba, falecido sem ter recebido da Petrobrás o que lhe era de direito, a qual degradou suas terras com 13 poços de petróleo (ver documentário em Seu Curumba, o sheik pobre).

Reflexão dedicada a Raoni de Oliveira, Andreza Damaceno, Marcelo Calazans, Marcos Palinha, João Quilombola, Antônio Sapezeiro, Federação Anarquista Capixaba (FAC), lideranças de comunidades e organizações representativas da pesca artesanal, quilombolas, indígenas, camponeses, sem terras, pesquisadores, agentes de pastorais, grupos de mulheres e LGBTQIA+, jovens e anciãos, acadêmicos, artistas, mulheres negras, artesãs, ambientalistas, organizações de defesa de direitos humanos, movimentos sociais, redes e fóruns regionais da sociedade civil brasileira. Muita gente, de 6 estados do Brasil (MA/PE/SE/BA/ES/RJ), da Argentina e de Angola.

Um comentário:

  1. Parabéns Jaques Zoopatia por valorizar as coisas simples mais feita com coração.

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As Palhetadas agradecem!