sexta-feira, 15 de novembro de 2019

IPEDOC promove encontro da cultura cariaciquense

IPEDOC Promove Encontro da Cultura Cariaciquense

Orlandina Dalapícola, presidente do IPEDOC, dá as boas vindas aos presentes no Chá Cultural Beneficente, realizado no Instituto de Pesquisa e Documentação Cariaciquense
O Instituto de Pesquisa e Documentação Cariaciquense (IPEDOC) promoveu um momento único de encontro de representantes da cultura cariaciquense.

No último dia 9 de novembro, num final de tarde no bairro São Conrado, Orlandina Dalapícola, atual presidente dessa importante instituição, reuniu representantes da música, pintura, arquitetura, escultura, história, cultura popular e literatura.

Foi um momento de troca de conhecimentos e propostas para projetos futuros, mas o objetivo principal do evento foi arrecadar fundos em prol das atividades desenvolvidas e apoiadas pelo instituto, sendo também uma ação em referência ao Dia Nacional da Cultura, comemorado no dia 5 de novembro.

Percurso inspirador

Já na entrada do IPEDOC, transpomos a ampla plataforma do edifício de dois pisos onde se situa o instituto, a qual rompemos com a curiosidade de quem adentra a um novo mundo, ou num cômodo descoberto numa casa antiga, ao qual nunca tivemos acesso.

Sensações e emoções numa mistura sinestésica que define a influência do ambiente sobre nossos corpos e espírito. Sinestesia! O longo declive nos deu tempo para refletir e imaginar o que queríamos encontrar naquele espaço cultural.

Logo no primeiro cômodo, encontramos a ilustre presença de Fábio Leite, cuja vivência familiar o faz um dos grandes conhecedores da história do município, já que sua família reside em terras cariaciquenses desde o início do século XIX, antes mesmo de nossa desvinculação da capital Vitória, o que se deu apenas em 1890. Além disso, Fábio Leite também é um repositório de documentos e estudos autodidatas sobre nossa formação cultural.

Encontramos Mestre Agildo, da folia de reis do bairro Vale dos Reis, que conhecíamos apenas por ser funcionário da escola em que nossas filhas estudavam. Grata surpresa que nos causou, resultante da falta de um diálogo mais intimista a que não nos permitimos no dia a dia, em que resumimos um contato pessoal a "como vai, tudo bem?".

Participou também do evento o presidente da Academia Cariaciquense de Letras (ACL), o escritor Marcos Bubach, que prestigiou a amiga Orlandina com a doação de exemplares de suas obras para o instituto.



Enquanto surgia o Mochuara no horizonte da tela da artista plástica Maria Zélia, a escritora Cínthia Pretti, membro da Academia de Letras, declamou poemas de seu livro "Cariacica em Versos", desafiando o público a solicitar por temas a que suas poesias teriam se debruçado, demonstrando a abrangência de sua obra.

Cínthia Pretti, escritora e turismóloga
O encontro teve ainda a presença do Quarteto Mochuara de Violões, formado por alunos do bacharelado de violão da Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames), que executou obras do repertório popular brasileiro, e o violinista Lucas Rodrigues Mendonça, considerado "brilhante", aluno do 3º ano do Curso de Formação Musical da Fames.


Acima, os violonistas Lucas da Silva Rodrigues, matheus Rosenthal França da Rocha, Paulo Henrique Basílio Simões e Lucas Souza dos Santos. Foto: Ipedoc

O IPEDOC é uma organização não governamental sendo guardiã de parte da história oficial do município, cuja proposta é registrar, resgatar, preservar e divulgar a memória histórica e cultural de Cariacica.

O instituto é responsável pelo resgate da primeira obra escrita sobre a história de nossas terras, levando tal documento a sua segunda reimpressão, com nova e moderna diagramação. Trata-se do livro "Cariacica: resumo histórico", de Omyr Leal Bezerra (1929-1982).

Dentre suas ações de preservação, o instituto mantém um importante acervo de livros e documentos, além de obras de arte, como pinturas e fotografias, que retratam e registram nossa história.

O IPEDOC tem sede atual na rua Araras, 347, no bairro São Conrado, onde oferece aos visitantes e pesquisadores um espaço adequado para leitura e estudo, devendo as visitas serem agendadas pelo e-mail ipedoc@hotmail.com.

Como membro da Academia Cariaciquense de Letras, jornalista, produtor cultural e editor das Palhetadas do Rock, considero de extrema importância eventos que reúnam artistas, produtores e defensores da cultura, mesclando as diversas manifestações que moldam e marcam nossa identidade.

Vida longa ao IPEDOC.

Viva o Dia Nacional da Cultura.

TUDO PELO ROCK!

Texto, imagens e pesquisa: Jacques Mota - Jornalista
Assistente de produção: Nágima Santina das Posses

Acima, Ronaldo Sielemann, diretor cultural do Ipedoc, com duas das esculturas doadas pelo escultor Hippólito Alves, para presentear os participantes do encontro: uma réplica da basílica de Santo Antônio e uma escultura do padre José de Anchieta


Acima, o violinista Lucas Souza dos Santos, acompanhado de Ronaldo Sielemann
Acima, o jornalista Jacques Mota recebe a escultura do padre José de Anchieta das mãos de Ronaldo Sielemann, diretor cultural do Ipedoc. Foto: Ipedoc
Na extrema direita, Fábio Leite









segunda-feira, 4 de novembro de 2019

O santo dos artistas cariaciquenses

O Santo dos Artistas Cariaciquenses

Um dito popular diz que Deus cuida dos bêbados e das criancinhas. Pois bem, deve existir pelo menos um santo que cuide dos proponentes de projetos culturais em Cariacica e um que dê algum minuto de atenção aos treineiros editores de vídeo. Ufa!

Em mais um dia daqueles, estava sendo procurado por várias distintas pessoas, nos dois sentidos, que me apertavam a agenda, cobrando a edição dos micro documentários que prometemos entregar no projeto do cineclube ambiental.

O que ocorre é que no desejo de favorecer as periferias, acabamos abarrotados de projetos em andamento, tornando o tempo escasso para sua devida conclusão. E, imaginem, sempre planejamos encerramentos dignos do trabalho a que nos propúnhamos.

E não sendo suficiente a quantidade de projetos em que nos metemos, levamos o projeto do cineclube ambiental até bairros nem sempre próximos de nossas casas -  imaginem um traslado do bairro Oriente até Cariacica Sede.

Assim nascem as epopeias, aquelas histórias de eventos extraordinários que só filhos de deuses são consagrados a cumprir. Bem, não é esse o nosso caso, o de sermos filhos de deuses.

Sendo assim, debrucei-me sobre o ultra book, ou melhor, sobre os vídeos de celular feitos pelos participantes das oficinas do bairro Vila Isabel. Seria com eles que comporia então o documentário tão aguardado sobre o bairro, utilizando a ferramenta Lightworks.

O meu receio é que o material que tinha em mãos fosse insuficiente, o que nos demandaria novas visitas, mais entrevistas, nova pesquisa, produção, aff... e tudo o mais.

Dona Elza e Dodô chegaram até a nos cobrar, de uma forma bem sutil, negando o CNPJ da associação para mais um projeto cultural, pelo menos até a entrega do produto. Bem, faz parte da ópera.

É por isso que acredito no santo protetor desses coitados produtores culturais e artistas cariaciquenses.

O pequeno documentário ficou muito bom, mesmo com as poucas filmagens produzidas pelos participantes, a falta de tempo para a edição e o próprio registro das oficinas que não chegaram até nossa caixa de e-mail. Nada disso influenciou na qualidade e no interesse em dar o melhor de nós. É assim que sempre fazemos, o melhor.

Mas o que salvou mesmo foram os filmes que fiz numa das apresentações do cineclube.

Pipoca, refrigerante e toda a criançada atenta aos curtas exibidos no telão da Associação de Moradores de Vila Isabel.

Uma festa. Tudo registrado. Falas, risadas, gargalhadas, expressões atônitas e de contemplação pelo belo, que é a arte que o homem produz. Uma maravilha.

Foi o que salvou a pátria mais uma vez. Ser proativo tem suas vantagens. Uma câmera na mão e ideias na cabeça.

Então, dedicamos nosso domingo e madrugada de segunda-feira para o tratamento das imagens e som, porque nosso prazo final já se esgotara há muito tempo.

E querem saber? O vídeo ficou ótimo.

Gravamos uma abertura com um texto baseado nos vídeos enviados: pontos viciados de lixo, assoreamento de um canal e, na sequência, imagens de um alagamento na entrada do bairro por conta de uma obra pública, ao som de um pesado hardcore. Depois, os depoimentos da galera. Pronto, um sucesso!

— Obrigado mais uma vez, ó santo dos artistas cariaciquenses!