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Arcaica
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Em tempos de Coronavírus, em tempos de isolamento social, as necessidades básicas daqueles que vivem à margem de tudo recrudescem e nos chamam a atuar como pessoas e como poderes públicos, os quais temos de operar e direcionar para o melhor resultado possível.
Neste mês de abril, artistas cariaciquenses e de todos os lugares tiveram suas atividades paralisadas pelo confinamento necessário, mas foram reconhecidos e receberam um oportuno alento: cestas de alimentos, de um lado, e editais de cultura para atividades online, de outro. Boas falas!
Mesmo com tantas restrições, nossos artistas estão “se virando”, vendendo alho puro e misturado, trabalhando como ajudante de obras ou recebendo os últimos trocados das atividades do Verão.
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Esta semana, o poeta e escritor Ferreiro Djáh, radicado em Cariacica, doou uma cesta de frutas, legumes e hortaliças para uma “missão evangélica” no intuito de fazer chegar alimentos aos mais necessitados. Uma bela atitude.
“Tocou meu coração doar para um projeto que já tinha ouvido falar e pesquisado sobre suas ações. Então, doei parte do alimento que recebi como oferta da Secretaria de Cultura de Cariacica”, disse Ferreiro.
Acima, Ferreiro Djáh, agachado, e os amigos Edival de Souza (Chamusquin), Namy Chequer e Elton de Souza |
A entidade contemplada foi a Missão Neemias, da Igreja evangélica Assembleia de Deus, que fica em Campo Grande. A entidade, além do edifício para os cultos diários, na avenida Getúlio Vargas, 90, possui uma cozinha industrial próxima ao terminal de ônibus de Campo Grande, onde produzem marmitas para enfermos e desabrigados.
“Quando fiz a doação, percebi um espanto, percebi que foram impactados com minha idade”, disse Ferreiro.
Ferreiro Djáh, nascido Edmar Joaquim da Silva, 62 anos, é o autor de “O Pensar Sem Medo”, uma coletânea de poesias em que retrata as vicissitudes da vida com um olhar social e emocional. Carioca de nascimento, teve participação em novelas da Rede Globo como “Dancin’ Days” e “Partido Alto”. Teve formação em teatro e dança com Kátia Kaulá e Gilberto de Assis, na década de 70 do século XX, no Rio de Janeiro.
Hoje, Ferreiro Djáh concentra suas atividades no Espaço Cultural Chamusquin e aguarda o resultado do edital de Produção e Difusão Literária, da Secult/ES, para publicação de uma continuação de “O Pensar Sem Medo”, e pleitear um lugar na Academia Cariaciquense de Letras (ACL).
Dentre as atividades em andamento, Ferreiro faz parte da produção do curta doc “Africanizar”, um relato da diáspora dos miscigenados no Brasil, com foco em Cariacica. Nele, Ferreiro declama uma poesia reflexiva sobre o negro, de sua autoria, em meio a uma performance de dança afro, produzida por ele mesmo.
O escritor e poeta Ferreiro, faz parte do grupo de artistas que recebeu apoio da prefeitura nesse difícil momento, mas apesar disso, faz parte de uma programação para distribuir alimentos a pessoas mais necessitadas do entorno do bairro Oriente, juntamente com Edival de Souza, o Chamusquinho.
“Construímos um fogão à lenha para a comunidade usar gratuitamente, sem ter gastos com gás ou eletricidade, um fogão comunitário, para todos cozinharem”, diz Edival. O fogão foi construído no quintal de sua casa, ao longo de 1 ano, no bairro Oriente, próximo à prefeitura de Cariacica.
Acima, Edival de Souza ao lado dos amigos imortais, Marcos Bubach, presidente da Academia Cariaciquense de Letas (ACL), e Jacques Mota |
Edival de Souza divide sua vida entre a cultura e a manutenção de seu restaurante, com uma produção diária de quentinhas para os funcionários da prefeitura, da secretaria de cultura, empresas do entorno e para os feirantes de domingo, em Campo Grande.
“Agora estamos operando com 30% da produção diária. Por isso, estou cozinhando a comida no fogão à lenha, para economizar, e os clientes estão adorando o sabor dos alimentos”, relata.
Edival está programando o preparo de uma macarronada com carne moída para doar aos trabalhadores ambulantes dos sinais de trânsito da BR 262, em Campo Grande.
“Está tudo parado. As pessoas estão passando necessidade e o pior ainda está por vir”, diz.
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“As pessoas não estão nem aí e não é falta de informação, por isso eu estou me preparando para ajudar. Gostaria que as pessoas tivessem consciência e ficassem em casa. As ruas estão cheias de carros e o governo está levando as pessoas para a morte”, denuncia Edival.
“As pessoas querem seguir alguém, querem um chefe para se espelharem e dominá-los. E esse alguém as está guiando para a morte. Se isso acontecer, a culpa será desses governantes”, desabafa Chamusquinho.
Em sua avaliação, as comunidades têm que se organizar e fazer movimentos e greves para guiar os poderes públicos que não têm a disposição necessária para mudar a vida das pessoas para melhor.
Assim, o rock também se posiciona politicamente, fazendo parte das revoluções. Nos preocupamos com todos e queremos igualdade de oportunidades.
Diga não ao racismo, ao fascismo e a todos os movimentos totalitários que querem acabar com a democracia.
Do seu editor do rock and roll.
Até as próximas Palhetadas do Rock.
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