quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Cariacica celebra o underground

Cariacica celebra o underground


O dia 05 de novembro de 2024 tornou-se o dia em que a cultura underground e a cultura jovem de rua do município de Cariacica foram homenageadas pelos seus mais de 40 anos de realizações.

O evento foi realizado no salão nobre da Câmara de Vereadores de Cariacica, representando o anseio de toda uma geração de jovens. A data escolhida para a cerimônia especial foi o Dia Nacional da Cultura.

Na abertura, o público pode contemplar a obra musical autoral de Denisson Nunes, artista cariaciquense também homenageado, e a performance corporal-poética "Alma do artista", performatizada pelo poeta e dançarino Mestre Ferreiro D'Jah.

Denisson Nunes
www.palcomp3.com.br/denissonnunes

A abertura se encerrou com a exibição do vídeo-colagem "Lembranças do Underground", especialmente preparado para o evento, com depoimentos e homenagens.

O vídeo foi produzido pelo coletivo libertário Faça Você Mesmo!, para relembrar os tempos duros da ditadura e o quanto é preciosa a liberdade de expressão artística. No vídeo, o jornalista Jacques Mota lembrou que a juventude dos anos 1980 enfrentou o descrédito e teve como herança "o silêncio imposto pelos anos de chumbo", obstáculos que tiveram que transpor.

Acima, o vídeo-colagem em homenagem ao underground de Cariacica

O vídeo trouxe uma bela homenagem ao músico premiado nacionalmente Dílio Lyra, considerado o primeiro artista underground de nossa história, uma trajetória que ainda será contada.

A cultura Hip hop foi especialmente lembrada através da presença da historiadora Thays Ferreira e demais representantes dessa cultura que tornou-se a maior expressão contemporânea da juventude.

A historiadora também foi homenageada, protagonizando a leitura da "Carta do undergound", datada de 9 de maio de 2017, a qual deflagrou o movimento de fundação do coletivo Cariacica Underground e criação da Câmara de Arte Contemporânea junto ao conselho de cultura do município, o que se deu em 2018.

A historiadora Thays Ferreira faz a leitura da "Carta do Underground", acompanhada pelo mestre de cerimônia Namy Chequer

O evento foi viabilizado pelo vereador do undereground Marcos Palinha (PCdoB) e pelo presidente da ONG Instituto Social Capixaba (ISC), Nelson Baby. A cerimônia foi dirigida pelo jornalista Namy Chequer, que muito bem soube direcionar  o evento conforme os preceitos de liberdade de expressão e dinamismo que o underground requer.

Também prestigiaram o evento o vereador mais votado na última eleição, o médico Fernando Santório e o secretário municipal de cultura, Denilson José de Oliveira.

Mesa de honra

O evento teve algo de muito especial para toda a cultura jovem de rua e cultura undeground, além do encontro e reconhecimento. Durante a celebração foi anunciado que seria protocolado pedido assinado por todos os presentes requerendo ao vereador Marcos Palinha que fosse instituído em nosso município o Dia da Cultura Jovem, a ser comemorado no dia 29 de outubro, uma referência ao maior encontro da cultura jovem já realizado em nosso município, que foi o Fest Rock, em 1992.

Assim deixamos o underground mais rico e com uma vida próspera para o futuro.

Até as próximas Palhetadas do Rock!!!

 








sexta-feira, 14 de julho de 2023

Grupo Motim se apresentará na Suíça

Grupo Motim se apresentará na Suíça


Grupo Motim de teatro vai apresentar a peça O criminoso, de sua autoria, na Suíça, em evento cultural na cidade de Saint-Imier, berço do anarquismo mundial, entre os dias 19 e 23 de julho de 2023.

O grupo, radicado em Cariacica, fará parte da programação do 150º (centésimo quinquagésimo) aniversário da primeira Internacional Antiautoritária, que tem como um dos objetivos proporcionar encontros espontâneos entre ativistas anarquistas de todo o mundo.

O grupo foi convidado depois de participar do VI Fórum Internacional Anarquista, realizado em Vila Cajueiro, Cariacica, em setembro de 2022, no qual estiveram presentes anarquistas e simpatizantes da América Latina, Ásia e Europa.

Os custos da viagem e estadia serão pagos pela organização do evento, mas o grupo não dispõe de recursos para outras necessidades, como alimentação e diversos, então estão realizando uma campanaha para arrecadar valores através da venda de camisetas do grupo e também estão aceitando doações em PIX pelo número de telefone 27988542446, em nome de Nelson Ricardo Amaro, um dos membros do Motim.

Além de apresentar a peça O criminoso, o grupo fará palestras sobre resistência cultural. Na agenda da trupe, estão as cidades de Paris, na França, e Veneza, na Itália.

Acima, uma das apresentações do grupo no distrito rural de Cotaxé/ES, Ecoporanga/ES, conhecido como capital da luta camponesa no Espírito Santo, palco de grandes revoltas contra latifundiários

Além dessa difusão teatral e de resistência, o grupo também vai apresentar o curta documentário Africanizar, do jornalista Jacques Mota, gravado em Cariacica, que trata do racismo estrutural na sociedade brasileira.

Para aqueles que ainda não conhecem o documentário Africanizar, aproveite o link a seguir.



Doações em PIX pelo número de telefone

27988542446, em nome de Nelson Ricardo Amaro


Rock é RESISTÊNCIA!!!

Até as próximas Palhetadas.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Primeiro de Maio de 2023, um drible na direita!

 


Realizamos o Primeiro de Maio em 2023, que foi tarefa muito árdua, depois de tempos difíceis, num cenário de pós-pandemia e onda pandêmica mental fascista, que se articula nos poderes da República e em suas autarquias legais e ilegais, mas também na capital Vitória, que tem seu nome marcado pela morte da resistência indígena e negra no século XVI, e igualmente, nos tempos atuais, fica também difícil realizar atividades em espaços que são do povo, porque os reacionários que governam tentam a todo custo nos calar!


Mas nós não nos calamos!

Usamos as armas da inteligência e da arte para realizar um dos Primeiros de Maio mais agregadores dos últimos 15 anos. Foi criado um grupo de aplicativo que reuniu mais de 35 pessoas em torno da proposta do encontro. As comissões foram compostas por Comp@s que contribuíram com seus esforços para que esse ato fosse realizado.

O nosso Primeiro de Maio tratou-se de um momento singular da movimentação libertária capixaba, agora através da mais nova ferramenta de organização que foi criada em 2022, a Federação Anarquista Capixaba (FACA), espaço de reflexão, debate, manifesto e cultura, agregando um círculo de amizade que permeia mais de 30 anos entre punks anarquistas e simpatizantes de outros coletivos undergrounds da contracultura e da periferia.

Agradecemos a todas as pessoas que acreditaram na proposta de uma atividade como essa, onde as dificuldades são superadas pela vontade de gerar mudanças e relações na sociedade. Sabemos de nossa dificuldade mas não nos limitamos a ela, não tivemos investimentos de partidos ou centrais sindicais que gastam muito dinheiro em festas no Dia do Trabalhador.

Com menos de 500 reais de gastos, do início da produção até o fim da atividade, com recursos bem investidos em alimentação, transporte e na produção, afirmo que desconheço atividade que reúna tanta diversidade cultural, intelectual e social, num só lugar, onde, uma vez ao ano, pessoas veem nessa data a possibilidade de se reencontrar, construir e reconstruir laços para agitar possibilidades.

Abraços a todas que contribuíram com esse momento importante.

Andreza, pela divulgação, alimentação e tesoureira; Gustavo Fraga, pela impressão dos panfletos; Bernard, que veio com a companheira de Cachoeiro de Itapemirim e contribuiu com o texto e muito mais; Luciano Cardoso, da logística aos livros doados; Cervejaria Plezuro; Danilo Bronha, pela aparelhagem de som; Paulo Moraes, pela produção; Reginaldo, o Regis, pelo cartaz, divulgação e criação de mídias sociais; Jacques Zoopatia, blog Palhetadas do Rock; Coletivo Cariacica Underground; Ferreiro D' Jha, pelas danças afro contemporâneas; Teodorico Boa morte, voz, violão e poesia; Toninho Caverna; Santiago artesão; Sagaz, pela intervenção nas múltiplas do HIP HOP; ao Harmonia Turbulenta, de acordes raivosos - Noé, Léo Aranha e Gustavo, reconciliados; a Paulo Henrique Linguiça, que mesmo longe durante 15 dias, estava contribuindo com o Primeiro de Maio em 2023; à banda Elemento 26; ao Rogério, nosso Kiko Brígida; Alex Índio e todo apoio prestado na técnica; Vander Costa; Sandro e Dona Rosa; DJ Angel; meu amigo Beto, referência no Gótico capixaba; Elis tranças; a todas da Escola da Saúde Grau Técnico; Moto Clube Punks do Asfalto - Bob, DZK, Lú, Marcelo, Baby O Grande, e Paulinho Espinhoso; Cabelo de Fogo, Léo Zinho; aos quilombolas Antônio e João; Churrasco - Gilson Vieira; Renê; Kidão; Jô; Andreia; Manu; Cíntia; e a todas que ali se fizeram presentes, em especial a Dona Cleuza, do bar do P. Moscoso; à população, que jamais se curvará às tiranias dos governos.

Até a próxima ação, Comp@s, e vamos sempre nos unir em torno da transformação para um mundo melhor.

E lembrem-se, o estado faz parte do problema e não da solução.

Saúde, anarquia!

Paulo Henrique de Oliveira

FEDERAÇÃO ANARQUISTA CAPIXABA (FACA)

 

sábado, 26 de novembro de 2022

Cineclube cariaciquense vai a festival de cinema no Pará

Cineclube Ambiental vai apresentar 4 curtas metragens produzidos nas terras do Moxuara

O evento será o 1º Festival do Filme Anarquista e Punk de Belém, que acontecerá de 7 a 11 de dezembro de 2022

Texto: Coletivo Cariacica Underground, Cariacica/ES - por Jacques Mota

O festival de cinema anarquista e punk é realizado desde 2012 na cidade de São Paulo, sendo agregador de representantes dos movimentos anarcopunks de todo o Brasil. 

Nessa edição em terras paraenses, o Espírito Santo será representado pelo coletivo cultural Cineclube Ambiental, radicado em Cariacica e formado por artistas e ativistas ambientais da cidade adeptos do "faça você mesmo", membros do underground e da cultura jovem de rua. Além do festival de filmes, o encontro promoverá a troca de ideias com lideranças indígenas, indivíduos e coletivos do território do Belém do Pará.

O Cineclube é coordenado pelo ambientalista e ator de teatro Paulo Henrique de Oliveira, que vai apresentar algumas das produções próprias do coletivo, tratando-se de produções autorais de cunho social que promovem a reflexão de temas eminentes das periferias.

Para o ano de 2023, a Federação Anarquista Capixaba (FACA) apresentou a data para a realização do festival no Espírito Santo. O evento acontecerá no feriado do Dia do Trabalho, dia 1º de maio, provavelmente na localidade de Vila Cajueiro, zona rural do município de Cariacica.

Para o ano de 2023, a Federação Anarquista Capixaba (FACA) realizará em Cariacica/ES nosso 1º Primeiro Festival do Cinema Anarquista e Punk do Espírito Santo, no feriado de 1º de Maio, Dia do Trabalho

Antifas e ACR's aguardam ansiosos por mais este momento de encontro e troca de ideias.

Até lá!


Produções autorais do Cineclube Ambiental

Africanizar: cultura e racismo no Brasil, 2022, documentário, 15'55"
https://youtu.be/cUYvoXpX07Y

Você ainda pode sonhar, 2020, ficção, 3'01"
https://youtu.be/uvqAyU3wIpI

Alagados de Vila Isabel, 2020, documentário, 8'56"
https://youtu.be/bWpz0ylVt0s

Vida na lagoa Araruama, 2019, documentário, 11'46"
https://youtu.be/SziA6GSM_BU


Paulo Henrique de Oliveira
Membro da Federação Anarquista Capixaba (FACA)
Ambientalista e ator de teatro
Coordenador do Cineclube Ambiental


I Festival do Filme Anarquista e Punk de Belém/PA
7 a 11 de dezembro de 2022, das 16 às 22h
Matilha 167 - Atelier KROM253 - Point Punk - Sebo da Galeria - Biblioteca Libertária - Contato (91) 9 9821-5668

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Cariacica Recebe Fórum Anarquista Internacional

NOTA DE DIVULGAÇÃO

5º Fórum Geral Anarquista
de 8 a 11 de setembro de 2022





A cidade de Cariacica/Es vai sediar durante os dias 8 e 11 de setembro de 2022, o 5º FGA (Fórum Geral Anarquista). O evento tem alcance internacional recebendo membros da comunidade anarquista de diversos países, como Alemanha, França, Argentina e Itália. A programação do fórum conta com conferências, minicursos, rodas de conversa e manifestos.

Os minicursos e mesas temáticas abordarão temas como necropolítica, educação anarquista, pedagogia libertária, crise ambiental, guerra e fome, memórias do anarquismo, anarco-sindicalismo e sindicalismo revolucionário, dentre outros que podem ser conferidos na programação completa.

Um dos temas principais do encontro será a luta antifascista hoje no Brasil e terá como debatedores o sociólogo Sandro Juliatti (capixaba), Federico Ferreti – representante da Federação Anarquista Italiana, Joulie (Federação Libertária da Argentina) e Mônica Justin – representante da Federação Anarquista Francesa.

De acordo com os organizadores, a luta antifascista originada nos movimentos punk e anarquista é antiga no Brasil, denunciando grupos de extrema direita. Apesar do pioneirismo desses movimentos, eles sempre foram desvalorizados por grupos de esquerda tradicionais como partidos políticos e movimentos sociais, mas sempre denunciaram a existência do fascismo no Brasil. No ES a luta contra o movimento neonazista registrou episódio crítico quando na década de 90 os punks enfrentaram a vinda ao Espírito Santo do presidente do Partido Nacionalista em evento ultranacionalista. 

O 5º Fórum Geral Anarquista fará o credenciamento dos participantes na manhã do dia 8. O valor da participação será de 20 reais, com aceitação de doações através da venda de camisetas do evento ao valor de 50 reais. Os recursos serão utilizados na manutenção do local e preparação de alimentos a serem servidos no almoço e jantar aos participantes.

PROGRAMAÇÃO CULTURAL
Além de debates, o encontro terá as seguintes atrações culturais:

Sagaz Bicho Solto
dia 8, quinta, 17h

Grupo de Teatro Motim, com o espetáculo O Criminoso
dia 9, sexta, às 20h

Mestre Ferreiro, Africanizar (dança contemporânea)
dia 10, sábado, 18h

Banda punk RHC e Kiko Cabeça (Brígida D’La Penha)
dia 10, sábado, 12h

Banda João Bananeira
dia 11, domingo, às 11h

ENTIDADES ORGANIZADORAS
IFA Brasil (Internacional das Federações Anarquistas)
IFA Internacional
Coletivo Anarco-punk Aurora Negra
Pró-Federação Anarquista Capixaba
Liga Anarquista (LA).

CONTATOS
Paulo Henrique de Oliveira (Linguiça): +55 27 98877-3144
Márcio Malacarne: +55 27 98853-7500
Luciano Cardoso: +55 27 99251-0969

5º Fórum Geral Anarquista
Local: Sede do Sindtrages, Rua Romualdo Silveira, S/N - Vila Cajueiro, Cariacica – ES, em frente à EMEF Tânia Pôncio Leite
8 a 11 de setembro de 2022, das 8h30 às 21 horas
Tema: Raízes anarquistas, experiências e lutas populares
Informações e inscrições: 5fga@riseup.net

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Difundindo os princípios da ideologia punk

Conheça Jacques Zoopatia, jornalista que registra a memória do underground cariaciquense

Adepto do “faça você mesmo", ativista preserva a história dos movimentos culturais da cidade

Texto: Coletivo Cariacica Underground, Cariacica/ES


Jornalista, escritor e produtor cultural, Jacques Mota, conhecido como Jacques Zoopatia, assume o “faça você mesmo” para elaborar projetos e registrar o movimento cultural underground cariaciquense. Seu objetivo é garantir a continuidade da cultura urbana de rua, registrando e difundindo os princípios da ideologia punk do "do it yoursel". Contando com recursos próprios e de seus colaboradores, o jornalista e escritor utiliza softwares gratuitos, câmeras e máquinas fotográficas semiprofissionais, e celulares de alta resolução para realizar seu trabalho.

Sua inspiração e influência vem do movimento punk, que traz o “faça você mesmo” como ferramenta e atitude de vida diante do mercado da cultura. Desta forma, Jacques Zoopatia orienta artistas a produzir sua própria arte. De acordo com ele, a fórmula se aplica muito bem aos movimentos musicais, literários e audiovisuais.

“A fórmula ‘faça você mesmo’ é capaz de levar o artista a acreditar ainda mais em seu trabalho e reconhecer nas ferramentas tecnológicas que estão a sua disposição o manancial necessário para sua produção, além, é claro, do seu talento, que é potencializado por essa prática. O acesso de certa forma facilitado à tecnologia possibilitou a produção de documentários, filmes de ficção, vídeo-clips, além da edição e publicação de livros por seus próprios autores, então 'do it yourself'. Mas quem mais pode se beneficiar do ‘faça você mesmo’, em minha experiência, são os movimentos musicais, que podem produzir seu trabalho a partir de um computador básico, algo impensável nos anos 80 e 90”, afirma.


Inspirações
Jacques Zoopatia é graduado em jornalismo, o que o levou direto ao movimento underground de sua geração, conhecendo a ideologia punk do “faça você mesmo”, passando a ser um de seus representantes. Segundo o jornalista, o registro da cultura urbana de rua do município, que está em parte acumulado no blog Palhetadas do Rock, inspira artistas e oferece as memórias da cena punk e underground da cidade cariaciquense.

“O trabalho do Jacques serve de pesquisa para artistas de todas as áreas. A maneira como ele movimenta a cena underground, através da criação e motivação de coletivos culturais baseados na ideologia do ‘faça você mesmo’ inspirou a mim e a muitos outros artistas e coletivos”, comenta Paulo Henrique de Oliveira, ator e diretor de teatro e membro fundador da Federação Anarquista Capixaba.

Paulo Henrique de Oliveira também é remanescente do movimento underground da década de 80 e representa os valores do "do it yourself", questionando os modos de vida de nossa sociedade através do teatro e dos movimentos sociais de que participa.


A cena punk no ES
A história do underground capixaba é expressa principalmente pela história dos movimentos musicais heavy metal e punk, sendo Cariacica reconhecida como “celeiro do rock” pelo historiador Alberto Vidal. Os movimentos heavy metal e punk de Cariacica foram relevantes para todo o Espírito Santo, sendo hoje ressignificados pela atual cena underground. Na década de 80, grupos musicais como Guerrilha, Zoopatia e RHC, e o Grupo Motim de Teatro foram reconhecidos como representantes da contracultura local, trazendo novos acordes, estéticas e bandeiras políticas como a defesa do meio ambiente, a igualdade entre os gêneros e a crítica ao capitalismo.

Jacques Zoopatia acredita que os atuais movimentos culturais de rua ainda repercutem aquelas manifestações, por isso busca documentar suas expressões por acreditar em sua importância para a compreensão de toda uma época de produção cultural.

“Os movimentos heavy metal e punk continuaram nos anos 2000 e 2010, porém numa outra roupagem, mas o punk foi o único que continuou ativo em suas bandeiras políticas, porque o movimento heavy era vazio em ideologia. Nossa meta é reconstituir parte da memória daqueles períodos até o período mais recente da história do município. Na verdade, trata-se de acompanhar e documentar a transformação da cena underground”, explica Jacques.

Autor de obras literárias, audiovisuais e fotográficas, Jacques Zoopatia participou da criação dos coletivos Cariacica Underground e Faça Você Mesmo (audiovisual), incentivou e articulou a construção conceitual do Espaço Cultural Chamusquin, e foi membro fundador do Cineclube Ambiental e da Academia Cariaciquense de Letras. Jacques também é um dos editores do blog cultural Palhetadas do Rock. Em todos esses trabalhos, Jacques Zoopatia registra e socializa parte da história do underground cariaciquense.



Luta antifascista, antirracista e anticapitalista
Jacques Zoopatia acredita no poder da cena cultural como alavanca de movimentos políticos importantes como as lutas antifascista, antirracista e anticapitalista das quais faz parte e vê no movimento punk da década de 80 o gérmen da conscientização política dos ativistas de hoje, o que justifica o esforço em registrar e documentar a história do underground, ampliando a cultura do “faça você mesmo” como forma de conscientização.


“Eu sempre acompanhei e participei dos movimentos punk e anarcopunk capixabas, acompanhando a ideologia e sua movimentação e participando diretamente através da cena musical com a banda Zoopatia, da qual sou fundador. Esses movimentos culturais sempre questionaram o status quo e nunca se renderam ao mercado e a sua pasteurização mental, que ainda hoje persiste. Foram e são movimentos contraculturais de ponta, pois já na década de 80 levantavam as bandeiras da antihomofobia e da igualdade de gênero. Nossa postura sempre foi de tentar transformar a sociedade em algo melhor para todos e sempre fomos contrários às arbitrariedades do capital e do estado, e dos modos de vida que representam”, afirma Jacques referindo-se ao que denominou de “momento desastroso da política”.

Como resultado da construção e reconhecimento do underground, Jacques Zoopatia cita a inserção de representantes da cena em movimentos culturais mais amplos, como na criação da Academia Cariaciquense de Letras, que tem importantes ativistas da cena local, como Edival de Souza, o Chamusquin, e Jefferson Araújo, poeta e escritor, e na representação junto ao Conselho Municipal de Cultura, através dos ativistas Danilo Debona e Paulo Henrique de Oliveira, o Linguiça, todos repercutindo ideias e modos de vida libertários para além das fronteiras do underground.

Edição: Palhetadas do Rock

terça-feira, 16 de agosto de 2022

As mazelas do falso progresso

Ambientalista e ator de teatro, Paulo Henrique de Oliveira constata a persistência das mazelas do falso progresso

Ativista relata o reencontro com velhos amigos depois de mais de 30 anos de militância anti-petróleo

Apresentação: Coletivo Cariacica Underground, Cariacica/ES

Concepção artística dadaísta criada por Paulo Henrique,
especialmente para esta publicação


NEM UM POÇO A MAIS!
not one more well!
nie nog een put nie!
ikke en brønn til! nicht mehr gut!
ليس جيدا lays jayidan!
ούτε ένα πηγάδι ακόμα!
oúte éna pigádi akóma! 
没有一个更好 
Méiyǒu yīgè gèng hǎo! 
ni uno mas bien! 
ne unu pli boné! 
pas un bien de plus! 
не один колодец ne odin kolodets!

Uma alegria acompanhada de tristeza
Texto de Paulo Henrique de Oliveira (Linguiça)

Quando o chamado da resistência ANTI-PETROLEIRAS estrugiu, a nossa felicidade e satisfação era vista à distância. Isso aconteceu no VII Seminário Nacional da Campanha “NEM UM POÇO A MAIS”, realizado de 4 a 7 de agosto de 2022, na cidade de Piúma, no litoral do Espírito Santo. Estar nesse seminário foi amplificar a continuidade da nossa constante luta contra o corte da navalha capitalista.

Na cidade de Piúma, nos deparamos com as mais novas denúncias de violações ao meio ambiente e vida humana, “a grande obra”, uma pintura de óleo sobre sangue, com violações cometidas pela cadeia do petróleo e seus tentáculos portuários onde o arco-íris nunca mais há de brilhar.

Mais uma vez não queremos assistir à morte desfilando com seu carro desgovernado com um louco e sanguinário gritando “morte, destruição, caos, fim”, essa tragédia deixa dores profundas onde sonda nenhuma será capaz de alcançar! Nós que estamos aqui lendo esse texto, escapamos por pouco desta roleta da morte, mas ainda somos alvos fáceis e frágeis diante das geringonças do petróleo, lideradas pelas multinacionais e pelos políticos sanguinários e sádicos que se embriagam do petróleo para impor dor, sequelas e morte aos povos tradicionais que sobrevivem do meio ambiente e são, em sua essência, guardiões do ecossistema.

Na campanha “NEM UM POÇO A MAIS”, tivemos o privilégio de rever seres humanos incríveis, gente de luta, pessoas que há décadas vivenciam de perto, todo santo dia, a morte e a destruição de seus lugares pela indústria petrolífera, mas essas pessoas continuam firmes na luta, combatendo os capitães do mato contemporâneos, mesmo com tantas adversidades e perda de companheiros(as) por conta dos cifrões $$ e da barbárie.

Mas seguimos mulheres negras, indígenas e ribeirinhas, camponesas, pescadoras, gente das periferias que se recusam a participar das engrenagens da morte e da destruição onde as guerras são sempre UM POÇO A MAIS.

Na luta contra as geringonças tecnológicas do petróleo, seguiremos vivos e ativos nos seminários, nos encontros, nas frentes de batalha, cantando, dançando, encantando, gritando, ensinando, aprendendo, chorando e sorrindo, e festejando, buscando forças no íntimo do nosso sagrado para que continue dando força, paz e sabedoria para enfrentar e combater as injustiças e crimes das indústrias poluidoras que se multiplicam com os algozes do petróleo.

O sentimento é de agradecimento em estar nesse VII Seminário e fazer parte dessa importante luta por um mundo livre de petróleo, mas cheio de energia positiva como a energia empenhada na construção da campanha “NEM UM POÇO A MAIS”, para que as próximas gerações possam conhecer animais terrestres e peixes não só em zoológicos ou aquários e tanques de tilápias engordadas por fertilizantes.

+Em memória do meu camarada Seu Curumba, falecido sem ter recebido da Petrobrás o que lhe era de direito, a qual degradou suas terras com 13 poços de petróleo (ver documentário em Seu Curumba, o sheik pobre).

Reflexão dedicada a Raoni de Oliveira, Andreza Damaceno, Marcelo Calazans, Marcos Palinha, João Quilombola, Antônio Sapezeiro, Federação Anarquista Capixaba (FAC), lideranças de comunidades e organizações representativas da pesca artesanal, quilombolas, indígenas, camponeses, sem terras, pesquisadores, agentes de pastorais, grupos de mulheres e LGBTQIA+, jovens e anciãos, acadêmicos, artistas, mulheres negras, artesãs, ambientalistas, organizações de defesa de direitos humanos, movimentos sociais, redes e fóruns regionais da sociedade civil brasileira. Muita gente, de 6 estados do Brasil (MA/PE/SE/BA/ES/RJ), da Argentina e de Angola.