Uma certa noção de tempo
Papo sempre descontraído e cheio de sorrisos. Alguém me desminta se cachorros não sorriem. Quem tem o seu, sabe que é verdade. Chego em casa e quando encosto o carro na calçada, Gugu e Bidulho logo dão sinal, me observando pelas grades do portão. Latidos e rugidos fortes, como quem comemora a chegada de alguém há muito esperado. Pulos, lambidas e tal.
Dialogar é algo importante. É claro, normalmente com pessoas, mas às vezes torna-se maçante até mesmo intragável se for assunto político polarizado, moda dos dias de hoje. Troquemos então de pessoas, é o meu conselho. Pronto! Aumentamos a solidão e perdemos amigos. Nada viável. Mesmo assim, às vezes não dá mesmo para ouvir certas coisas e nos fazermos de educados. É muito mais gratificante nesses casos, para mim, dar atenção a meus cachorros. Até com passarinho ando falando.
Comportamento semelhante ao contrário percebo em
minhas esposa e filhas. Quando retorno de longo interstício, elas, num primeiro
momento, derramam aquela saudade de meses a recuperar, mas dois dias depois, as
mesmas caras e bocas. Como é boa essa rotina! E as coisas do dia a dia voltam
todas a seu lugar, o supermercado, os horários da escola, os quartos a arrumar,
a casa, as contas a pagar.
Então, num dia comum, quando vou para o labor diário de um servidor público, novamente são pulos e lambidas, latidos, grunhidos. Expressões de carinho e apreço em que demonstram toda alegria pela minha presença, ignorando que logo estarei de volta. Por isso ficam tão felizes e expressam tudo que podem, pois, com razão, não sabem quando voltaremos ou se novamente nos veremos.
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