BRÍGIDA,
O FOLKARIACICA QUE SALVARÁ O LORDOSE
Na última quinta-feira dei uma passada no zap. No meio de mais de mil mensagens a visualizar, consegui separar algumas realmente importantes. Dentre elas, identifiquei uma chamada de Beto Lordose, ou Trombose (Aguinaldo Roberto), nosso amigo do bairro Oriente, em Cariacica.
Mais uma vez, uma chamada do underground.
Beto me convidava para acompanhar o ensaio do Lordose Pra Leão, em preparação ao show "Escute a Bomba", dia 20 de março, no bar Correria, em comemoração aos 10 anos do disco "Eu Quero Vomitar Meu Cérebro". O show foi cancelado em razão do surto por Corona Vírus.
Já faz alguns anos que Beto, e agora seu filho mais velho, Breno Lepaus (trompetista), fazem parte dos metais do Lordose, juntamente com Zé Renato (trompete e voz) e Luciano Cruz (saxofone). Confirmei imediatamente. O ensaio seria no sábado, 14, no estúdio Bravo, em Jardim da Penha, pela manhã.
Sábado, sem ressaca, ou pelo menos com uma leve dor de cabeça, já depois de algumas horas de trabalho no computador, desci para o encontro. No painel do carro, sintonizei a rádio rock e peguei a execução de um solo de guitarra estilizado da música Breacking All The Rules, de Peter Frampton.
Pronto, o dia estava começando muito bem.
A princípio, pensei tratar-se de uma execução ao vivo do Peter Frampton, pois estava bem diferente da original. Tinha bastante wha wha, que o Frampton não usava, pelo menos nessa música, pai da guitarra falada que era. Na verdade, quem executava era a banda Full Time, banda baile, numa releitura incrível. Ok, sempre é bom ouvir rock. Então, ao fim de Breacking All The Rules, o apresentador do programa pergunta à banda sobre a cena rock no Espírito Santo, aff... Como os tempos mudaram, mas a execução estava ótima.
Bandas cover à parte, já no volante do carro, pluguei o celular no cabo P2 e acionei o Spotify com Lordose Pra Leão, e fui vomitar meu cérebro em Vitória.
Fui o primeiro a chegar, às 10 horas em ponto, como um bom convidado.
Recebido por um labrador marrom e branco, raridade, me sentei na recepção do estúdio que fica num terreno com um prédio baixo ao fundo, onde ficam as salas de ensaio e gravação, e uma estrutura de containers pretos na lateral da entrada. Ainda não conhecia o local, mas achei bem legal, ideal para os ensaios de abril do Zoopatia. Em seguida, chegam Beto e os dois filhos.
Beto e o filho Breno também fazem participação na banda Brígida D'la Penha, que Serjão Nascimento (vocalista) diz ser a preferida dele, do Beto. Breno diz que desde 2017 há uma tentativa de juntar o trabalho das duas, apesar de já terem tocado juntas em diversos eventos.
Os metais do Lordose, incompletos sem Zé Renato: Luciano Cruz, Beto Trombose e Breno Lepaus |
Com componentes em comum, existe uma interlocução para uma apresentação das bandas nas terras do João Bananeira. Ainda estamos aguardando.
Em seguida, chegam Marcelo Maia (guitarrista) e Alex Pandini, vocalista fundador do Lordose, meu contemporâneo de curso na Ufes.
Pandini diz que tocar com o Lordose e relembrar velhos tempos é sempre uma boa diversão, garantindo que não se trata de uma volta.
Sobre sua vida pessoal, diz que está tomando cachaça, a cachaça do telejornalismo. Márcio Vaccari (baterista), diz que Pandini nunca saiu da banda, só não consegue ir nos shows. Gargalhadas.
Obrigado, Pandini, pelos registros. Jack Zoopatia e Vaccari ao fundo |
Márcio Vaccari (bateria) declara que os shows mais intensos do Lordose foram em Cariacica, desde a época do bar Pantera, onde tocaram duas vezes e perderam o primeiro DAT do disco "Pior Que a Merda - live em Big Field", em 2003.
Vaccari lembra que Cariacica permanece underground, exportadora de público e de bandas, conservando as manifestações jovens de rua, como rock, punk e heavy metal, destacando a receptividade dos amantes do rock, que é muito intensa em Cariacica.
Perguntado sobre a relação entre as bandas Lordose e Brígida, Vaccari diz que depois dos 40, cada show é um show a menos, e diz que o Brígida vai salvar o Lordose. Gargalhadas.
Sobre projetos futuros, Vaccari fala da dificuldade de reunir todos para os ensaios e antecipa a ausência de Zé Renato (trompete e vocalista) naquele encontro.
- Sempre falta alguém, diz.
E começa a quebradeira.
Com preocupações sobre o politicamente correto, a banda tem que se adaptar a novos tempos, preocupações que não existiam naquela época, tendo que adaptar parte da letra do repertório. Melhor não ter problema.
Serjão Nascimento, dizendo ter saudades do Pantera, o bar (rsrsrs), cita ainda um show em Vila Capixaba, no coreto do bairro, que fizeram na campanha eleitoral de Dona Isaura, mãe de Zé Renato, professora de ensino religioso.
Nesse ponto da conversa, vem de Serjão Nascimento o neologismo folkariacica, referindo-se ao estilo musical do Brígida, quando citamos as baladas que as duas bandas tocam.
Nesse ponto da conversa, vem de Serjão Nascimento o neologismo folkariacica, referindo-se ao estilo musical do Brígida, quando citamos as baladas que as duas bandas tocam.
Lembraram também do show no Fest Rock, na avenida Campo Grande, o qual foi produzido por este punk que vos fala, só não lembram se receberam o prometido cachê. Melhor não lembrar dessa parte, diz Sandro Costa (baixista). Gargalhadas. Ambos foram nos anos 90.
Sandro Costa diz que Cariacica é o município que tem a maior quantidade de roqueiros que não viraram coxinha.
Será verdade, Terta?
Pois é, tenho até medo de contar os coxinhas no underground cariaciquense, mas são todos parceiros de rock. Por isso, hoje, temos que vomitar nossos cérebros muito mais do que antes, é preciso.
Bora lá! O show foi adiado mas acontecerá assim que possível e não perderemos esse encontro, todos juntos, para testemunhar a história viva do rock capixaba e do underground cariaciquense.
Quanto a tocar em Cariacica, no intervalo do ensaio Serjão disse ter recebido uma ligação do nosso amigo Léo, do Big Beer Rock Bar. Sinto boas vibrações...
Do seu editor punk.
TUDO PELO ROCK!
Thank you brothers! |
Valeu Jackson pelo registro desse momento !
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