segunda-feira, 4 de novembro de 2019

O santo dos artistas cariaciquenses

O Santo dos Artistas Cariaciquenses

Um dito popular diz que Deus cuida dos bêbados e das criancinhas. Pois bem, deve existir pelo menos um santo que cuide dos proponentes de projetos culturais em Cariacica e um que dê algum minuto de atenção aos treineiros editores de vídeo. Ufa!

Em mais um dia daqueles, estava sendo procurado por várias distintas pessoas, nos dois sentidos, que me apertavam a agenda, cobrando a edição dos micro documentários que prometemos entregar no projeto do cineclube ambiental.

O que ocorre é que no desejo de favorecer as periferias, acabamos abarrotados de projetos em andamento, tornando o tempo escasso para sua devida conclusão. E, imaginem, sempre planejamos encerramentos dignos do trabalho a que nos propúnhamos.

E não sendo suficiente a quantidade de projetos em que nos metemos, levamos o projeto do cineclube ambiental até bairros nem sempre próximos de nossas casas -  imaginem um traslado do bairro Oriente até Cariacica Sede.

Assim nascem as epopeias, aquelas histórias de eventos extraordinários que só filhos de deuses são consagrados a cumprir. Bem, não é esse o nosso caso, o de sermos filhos de deuses.

Sendo assim, debrucei-me sobre o ultra book, ou melhor, sobre os vídeos de celular feitos pelos participantes das oficinas do bairro Vila Isabel. Seria com eles que comporia então o documentário tão aguardado sobre o bairro, utilizando a ferramenta Lightworks.

O meu receio é que o material que tinha em mãos fosse insuficiente, o que nos demandaria novas visitas, mais entrevistas, nova pesquisa, produção, aff... e tudo o mais.

Dona Elza e Dodô chegaram até a nos cobrar, de uma forma bem sutil, negando o CNPJ da associação para mais um projeto cultural, pelo menos até a entrega do produto. Bem, faz parte da ópera.

É por isso que acredito no santo protetor desses coitados produtores culturais e artistas cariaciquenses.

O pequeno documentário ficou muito bom, mesmo com as poucas filmagens produzidas pelos participantes, a falta de tempo para a edição e o próprio registro das oficinas que não chegaram até nossa caixa de e-mail. Nada disso influenciou na qualidade e no interesse em dar o melhor de nós. É assim que sempre fazemos, o melhor.

Mas o que salvou mesmo foram os filmes que fiz numa das apresentações do cineclube.

Pipoca, refrigerante e toda a criançada atenta aos curtas exibidos no telão da Associação de Moradores de Vila Isabel.

Uma festa. Tudo registrado. Falas, risadas, gargalhadas, expressões atônitas e de contemplação pelo belo, que é a arte que o homem produz. Uma maravilha.

Foi o que salvou a pátria mais uma vez. Ser proativo tem suas vantagens. Uma câmera na mão e ideias na cabeça.

Então, dedicamos nosso domingo e madrugada de segunda-feira para o tratamento das imagens e som, porque nosso prazo final já se esgotara há muito tempo.

E querem saber? O vídeo ficou ótimo.

Gravamos uma abertura com um texto baseado nos vídeos enviados: pontos viciados de lixo, assoreamento de um canal e, na sequência, imagens de um alagamento na entrada do bairro por conta de uma obra pública, ao som de um pesado hardcore. Depois, os depoimentos da galera. Pronto, um sucesso!

— Obrigado mais uma vez, ó santo dos artistas cariaciquenses!


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